É previsto uma alta na Inadimplência do consumidor em 2011.
Brasília
A inadimplência do consumidor cresceu 6,3% no ano passado, comparado a 2009 mostra o Indicador Serasa Experian divulgado ontem. O indicador, que considera as dívidas com atraso de mais de 90 dias, aponta ainda que dezembro foi o oitavo mês seguido de crescimento do número de brasileiros endividados. A inadimplência no mês aumentou 1,1% em relação a novembro, e cresceu 20,9% na comparação com dezembro de 2009.
São Paulo
A inadimplência das pessoas físicas no patamar de 6% - o menor nível desde junho de 2005 - deve subir nos próximos meses por causa da acomodação do mercado de trabalho.
O desaquecimento da economia, o mercado de trabalho mostra uma acomodação na parte de contratações e nos reajustes salariais com isso levando a uma tendência de elevação da inadimplência ao decorrer de 2011.
Embora o estoque de dívida das famílias esteja se elevando, os prazos têm se estendido, com isso permitindo que o comprometimento da renda com o pagamento de juros e do principal não cresça muito, mas é um fator para ficar se em alerta. Já que a falta de planejamento é um dos causadores de crescimento explosivo do endividamento do consumidor.
Os relatos para as pessoas jurídicas são bem diferentes do observado em relação aos consumidores. O crédito para as empresas ainda não retomou o patamar pré-crise, mas a tendência é positiva, com mais empréstimos e inadimplência em queda.
O estoque de crédito avançou, em outubro, pelo sexto mês consecutivo, atingindo 47,2%. “Se você comparar com vários países desenvolvidos, o percentual ainda é baixo. Mas, com certeza, houve um avanço significativo nos últimos anos. O crédito imobiliário ainda tem muito espaço para crescer. No Brasil, ele é de apenas 3,7% do PIB enquanto nos Estados Unidos chega a 100%”.
O Serasa tem previsto que a elevação anual – de 5,9% em 2009 para 6,3% no ano passado – sinaliza possível correção da taxa de inadimplência medida pelo sistema bancário em 2011, o que significa crédito mais caro.
A Serasa explica que o aumento da inadimplência em 2010 é resultado, em grande parte, do crescimento da renda e da queda do desemprego, que deram mais confiança ao consumidor para contrair dívidas.
A isso somaram-se também algumas medidas de estímulo ao consumo como o apelo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no final de 2008, para os brasileiros irem às compras a fim de ajudar no combate aos efeitos da crise financeira mundial. Vieram também os prazos mais longos de financiamento e a corrosão dos salários, no último quadrimestre do ano, por causa do repique da inflação.
Os economistas da Serasa Experian acreditam que neste início de ano a inadimplência continuará em alta, principalmente devido ao possível aumento da taxa básica de juros (Selic) na semana que vem, para conter a inflação – como prevêem analistas de mercado – e ao pagamento dos impostos sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) e sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e de despesas escolares.